
O Realismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na França em meados do século XIX, aproximadamente a partir de 1848, e se estendeu até as últimas décadas do mesmo século. Ele surgiu como uma reação contra o romantismo, que valorizava a imaginação, o subjetivismo e os temas idealizados. Os realistas buscavam representar a realidade de forma objetiva, retratando o cotidiano e as condições sociais com fidelidade e sem idealizações.
O contexto histórico do Realismo está fortemente ligado às transformações políticas, sociais e econômicas do período. Em 1848, uma série de revoluções eclodiu na Europa, incluindo a Revolução Francesa de 1848, que derrubou o rei Luís Filipe e instaurou a Segunda República Francesa. Paralelamente, a Revolução Industrial avançava, provocando o crescimento das cidades, a ascensão da classe operária e a ampliação das desigualdades sociais. Esses fatores despertaram nos artistas um interesse em mostrar a vida ...
Na pintura, o Realismo teve como figura central Gustave Courbet, que defendia que a arte deveria retratar apenas o que o artista podia ver e tocar. Obras como "Os Quebradores de Pedra" (1849) e "O Enterro em Ornans" (1849–1850) romperam com os padrões acadêmicos ao colocar trabalhadores e camponeses como protagonistas de grandes telas. Outros nomes importantes foram Jean-François Millet, com cenas rurais como "O Angelus" (1857–1859), e Honoré Daumier, que também atuou como caricaturista político.
O movimento se espalhou por outros países, adaptando-se às realidades locais. Na Rússia, por exemplo, os "Peredvíjniki" (Itinerantes) retratavam a vida camponesa e a desigualdade social. No Brasil, o Realismo influenciou não só a pintura, mas também a literatura, com autores como Machado de Assis, que aplicou a observação crítica da realidade em obras como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881).
Tecnicamente, o Realismo buscava o uso de cores sóbrias, luz natural e composição equilibrada, com atenção aos detalhes e à verossimilhança. Os temas incluíam cenas urbanas, rurais, retratos e situações de trabalho, sempre com foco na veracidade e na denúncia social.
Em síntese, o Realismo foi mais do que um estilo artístico: foi uma postura intelectual e ética diante do mundo. Ao colocar a realidade social e humana no centro da produção artística, abriu espaço para novas formas de crítica e influenciou movimentos posteriores, como o Naturalismo e parte do Impressionismo.
Referências
MUSEU D’ORSAY. Realism. Paris: Musée d’Orsay, 2024. Disponível em: https://www.musee-orsay.fr
NOCHLIN, Linda. Realism. London: Penguin Books, 1990.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
CLARK, T. J. Image of the People: Gustave Courbet and the 1848 Revolution. Princeton: Princeton University Press, 1982.
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