Édouard Manet nasceu em 23 de janeiro de 1832, em Paris, França, durante o reinado de Luís Filipe I, em um período conhecido como a Monarquia de Julho. Filho de uma família burguesa influente, seu pai era funcionário do Ministério da Justiça e sua mãe, filha de um diplomata. Embora seus pais desejassem que ele seguisse a carreira jurídica, Manet mostrou desde cedo interesse pela pintura.

Em 1848, tentou ingressar na Marinha Mercante, mas foi reprovado nos exames, o que lhe permitiu dedicar-se à arte. No ano seguinte, iniciou seus estudos no ateliê de Thomas Couture, pintor acadêmico. Ao mesmo tempo, fez viagens à Itália, Alemanha e Holanda, onde estudou mestres como Ticiano, Velázquez e Frans Hals, que influenciariam seu estilo.

Na década de 1860, a França vivia o Segundo Império de Napoleão III, com forte conservadorismo artístico sustentado pelo Salão de Paris. Nesse contexto, Manet passou a desafiar as convenções acadêmicas, unindo referências clássicas a temas contemporâneos. Sua obra O Bebedor de Absinto (1859) foi rejeitada pelo Salão, mas O Tocador de Pífaro (1866) e O Balcão (1868–1869) revelaram seu talento para a representação direta e moderna.

O grande escândalo veio com O Almoço na Relva (Le Déjeuner sur l’herbe, 1863), exibido no Salão dos Recusados. Inspirada em composições renascentistas, a obra mostrava uma mulher nua sentada ao lado de homens vestidos, o que chocou o público e a crítica. Em 1865, apresentou Olympia, um retrato de uma cortesã que, com olhar direto e postura altiva, desafiava o ideal feminino da arte acadêmica. Essas obras marcaram Manet como figura central na transição para a arte moderna.

Durante a Guerra Franco-Prussiana (1870–1871), Manet serviu na Guarda Nacional. Após o conflito e a Comuna de Paris, aproximou-se de jovens pintores impressionistas, como Monet, Renoir e Degas, embora nunca tenha participado oficialmente das exposições impressionistas. Sua pintura manteve uma ligação com a tradição, mas incorporou pinceladas mais soltas e luminosas, como em O Bar do Folies-Bergère (1882), sua última grande obra.

Nos últimos anos, Manet sofreu com problemas de saúde, possivelmente decorrentes de sífilis contraída na juventude, o que lhe causou dores, dificuldades de locomoção e gangrena na perna. Em abril de 1883, teve de amputar o pé esquerdo. Poucas semanas depois, em 30 de abril de 1883, morreu em Paris, aos 51 anos, vítima de complicações da doença.

Hoje, Édouard Manet é lembrado como um dos fundadores da pintura moderna, um artista que rompeu com o academicismo e abriu caminho para as vanguardas do século XX, equilibrando tradição e inovação de forma única.

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Referências

Musée d’Orsay. “Édouard Manet – Biographie.” Disponível em: https://www.musee-orsay.fr.

Cachin, Françoise. Manet. Metropolitan Museum of Art, 1983.

Clark, T. J. The Painting of Modern Life: Paris in the Art of Manet and His Followers. Princeton University Press, 1984.

Wilson-Bareau, Juliet. Manet: The Execution of Maximilian. National Gallery Publications, 1992.

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