William Blake nasceu em 28 de novembro de 1757, em Londres, Inglaterra, durante um período de grandes mudanças políticas e sociais. A Inglaterra vivia o início da Revolução Industrial, com o avanço das máquinas e a transformação do trabalho artesanal em trabalho fabril, o que gerou desigualdade social e tensões entre classes. Blake cresceu em um ambiente familiar modesto; seu pai era comerciante de meias, e desde cedo ele mostrou interesse pelo desenho e pela poesia. Aos 10 anos, começou a estudar arte na Drawing School of Henry Pars e, mais tarde, tornou-se aprendiz de um gravador, habilidade que o acompanharia por toda a vida.

O mundo de Blake foi marcado por acontecimentos históricos decisivos, como a Revolução Americana (1775–1783) e a Revolução Francesa (1789–1799). Esses eventos influenciaram profundamente seu pensamento político e espiritual, despertando nele um forte senso de liberdade e rejeição à opressão. Ao mesmo tempo, a Inglaterra passava por censura e perseguição a ideias revolucionárias, o que tornava sua obra, frequentemente crítica à monarquia e às instituições religiosas tradicionais, um desafio à ordem estabelecida.

Em 1782, casou-se com Catherine Boucher, que se tornaria sua parceira na vida e no trabalho. Catherine aprendeu com ele a ler, escrever e imprimir, ajudando na produção artesanal de seus livros ilustrados. Em 1789, Blake publicou Songs of Innocence (Canções da Inocência), um conjunto de poemas que celebravam a pureza e a visão infantil do mundo. Anos depois, em 1794, lançou Songs of Experience (Canções da Experiência), contrapondo a visão inocente com a realidade dura e injusta da sociedade. Essas duas obras, unidas, formam um dos marcos da poesia inglesa, revelando seu olhar crítico sobre religião, moral e política.

Blake não se limitou à poesia. Produziu gravuras e pinturas de forte simbolismo espiritual, influenciado por visões místicas que dizia ter desde criança. Obras como The Marriage of Heaven and Hell (1790–1793) exploraram conceitos filosóficos ousados, questionando a moralidade binária de “bem” e “mal”. Entre 1795 e 1805, dedicou-se a grandes gravuras e ilustrações, como as célebres imagens para O Livro de Jó e A Divina Comédia.

Apesar de sua genialidade, Blake foi pouco reconhecido em vida e enfrentou dificuldades financeiras. Sua arte e poesia eram consideradas excêntricas para o gosto da época, e ele chegou a ser acusado de traição em 1803, após um conflito com um soldado, o que o levou a julgamento (do qual foi absolvido). Ainda assim, manteve-se fiel a sua visão artística e espiritual, recusando-se a seguir padrões comerciais.

Nos últimos anos, trabalhou nas Illustrations of the Book of Job (1826), consideradas por críticos posteriores como sua obra-prima em gravura. Blake morreu em 12 de agosto de 1827, em Londres, provavelmente em decorrência de problemas biliares crônicos e exaustão física, agravados por anos de trabalho intenso e falta de recursos. Foi enterrado no cemitério de Bunhill Fields, um local associado a dissidentes religiosos.

Hoje, William Blake é lembrado como um dos maiores poetas e artistas visuais da língua inglesa, precursor do romantismo e inspiração para movimentos artísticos e literários posteriores. Sua vida foi a prova de que a integridade artística e a visão espiritual podem transcender o reconhecimento imediato, deixando um legado eterno.

________

Referências

Ferber, Michael. The Poetry of William Blake. London: Penguin Classics, 2002.

Ackroyd, Peter. Blake. London: Sinclair-Stevenson, 1995.

Bindman, David. William Blake: The Complete Illuminated Books. London: Thames & Hudson, 2000.

Eaves, Morris, Essick, Robert N., Viscomi, Joseph. The William Blake Archive. University of North Carolina, 2020.

Tags:

No responses yet

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Últimos comentários
Nenhum comentário para mostrar.