Jacques-Louis David nasceu em 30 de agosto de 1748, em Paris, França, durante o reinado de Luís XV, em um período de relativa estabilidade política, mas com fortes desigualdades sociais que, décadas depois, levariam à Revolução Francesa. Órfão de pai desde cedo, foi criado por parentes e, aos 18 anos, ingressou na Academia Real de Pintura e Escultura. Em 1774, venceu o prestigioso Prêmio de Roma, o que lhe permitiu estudar na Itália, onde entrou em contato com a arte clássica greco-romana e com o Renascimento.

Ao retornar a Paris em 1780, David tornou-se o principal representante do neoclassicismo, movimento que buscava resgatar a estética e os valores da Antiguidade, em oposição ao rococó, considerado frívolo. Obras como O Juramento dos Horácios (1784) e A Morte de Sócrates (1787) demonstravam seu rigor no desenho, a clareza das composições e o uso de temas históricos como exemplos de virtude e patriotismo.

Com a eclosão da Revolução Francesa em 1789, David abandonou os círculos aristocráticos e aderiu à causa revolucionária. Tornou-se amigo de Maximilien Robespierre e atuou como deputado na Convenção Nacional, votando pela execução do rei Luís XVI. Nesse período, pintou obras emblemáticas como A Morte de Marat (1793), um retrato quase sagrado do líder jacobino assassinado, que se tornou símbolo da revolução.

Após a queda de Robespierre em 1794, David foi preso por seu envolvimento político, mas retomou a carreira com o advento do Consulado e, depois, do Império Napoleônico. Tornou-se pintor oficial de Napoleão Bonaparte, criando composições grandiosas como A Coroação de Napoleão (1807) e Napoleão atravessando os Alpes (1801), que reforçavam a imagem heroica do imperador.

Com a derrota de Napoleão e a restauração da monarquia em 1815, David foi considerado colaborador do regime anterior e exilado voluntariamente em Bruxelas, no Reino Unido dos Países Baixos. Lá continuou a pintar, mas sem o mesmo protagonismo político e cultural. Produziu obras de caráter mais íntimo e mitológico, como Amor e Psiquê (1817).

Jacques-Louis David morreu em 29 de dezembro de 1825, aos 77 anos, em Bruxelas, após ser atropelado por uma carruagem. Foi sepultado na Bélgica, pois a monarquia francesa proibiu o retorno de seus restos mortais à França.

Hoje, David é lembrado como o maior pintor neoclássico e como um artista cuja obra esteve profundamente ligada aos eventos políticos de sua época, unindo arte, moral e ideologia.

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Referências

Musée du Louvre. “Jacques-Louis David – Biographie.” Disponível em: https://www.louvre.fr.

Crow, Thomas E. Painters and Public Life in Eighteenth-Century Paris. Yale University Press, 1985.

Bordes, Philippe. Jacques-Louis David: Empire to Exile. Yale University Press, 2005.

Lajer-Burcharth, Ewa. Necklines: The Art of Jacques-Louis David after the Terror. Yale University Press, 1999.

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