Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, conhecido como Sandro Botticelli, nasceu por volta de 1º de março de 1445, em Florença, na República Florentina, uma cidade-estado que, no século XV, era um dos centros mais prósperos e influentes do Renascimento italiano. Governada de fato pela família Médici, Florença era um polo de arte, filosofia e ciência, onde o mecenato financiava obras de grandes mestres. Botticelli cresceu nesse ambiente vibrante, cercado por ideias humanistas e por um forte diálogo entre a arte e a redescoberta da Antiguidade Clássica.

Inicialmente, trabalhou como aprendiz de ourives, mas, por volta de 1460, entrou para o ateliê do pintor Fra Filippo Lippi, um dos mais renomados artistas de sua época. De Lippi, Botticelli herdou o traço delicado e o interesse por temas religiosos. Nos anos 1470, sua carreira decolou, e ele passou a receber encomendas da elite florentina, incluindo retratos e pinturas para igrejas.

Botticelli também trabalhou para a corte papal em Roma, participando da decoração da Capela Sistina entre 1481 e 1482, ao lado de artistas como Perugino e Ghirlandaio. No entanto, foram suas obras mitológicas, inspiradas na literatura clássica e na filosofia neoplatônica, que o tornaram célebre. A Primavera (c. 1482) e O Nascimento de Vênus (c. 1485) são exemplos marcantes, celebrando a beleza ideal e unindo simbolismo pagão e cristão em composições harmônicas e poéticas.

O final do século XV trouxe mudanças dramáticas em Florença. Após a expulsão dos Médici em 1494, o frade dominicano Girolamo Savonarola ganhou grande influência política e religiosa, pregando contra o luxo e a decadência moral. Botticelli, impressionado por seu discurso, produziu obras mais austeras e religiosas, como A Mística Natividade (c. 1500). Alguns relatos sugerem que ele teria participado das “Fogueiras das Vaidades”, nas quais objetos considerados frívolos eram queimados, embora essa participação não seja comprovada.

Com a morte de Savonarola em 1498 e as mudanças no gosto artístico, especialmente com a ascensão de Leonardo da Vinci e Michelangelo, a popularidade de Botticelli diminuiu. Ele passou seus últimos anos em relativa obscuridade e dificuldades financeiras. Botticelli morreu em 17 de maio de 1510, em Florença, aos 65 anos, provavelmente de causas naturais, e foi enterrado na Igreja de Ognissanti, próxima ao local onde nasceu.

Hoje, Botticelli é reconhecido como um dos maiores pintores do Renascimento, lembrado por sua capacidade de unir beleza formal, delicadeza e simbolismo. Suas obras continuam a inspirar artistas e a encantar o público, sendo ícones eternos da arte ocidental.

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Referências

Galleria degli Uffizi. “Sandro Botticelli – Biography.” Disponível em: https://www.uffizi.it.

Lightbown, Ronald. Sandro Botticelli: Life and Work. Abbeville Press, 1989.

Hatfield, Rab. Botticelli and Florence: Masterworks from the Uffizi. Thames & Hudson, 2021.

Ames-Lewis, Francis. Sandro Botticelli. Phaidon Press, 2000.